maio 20, 2009

unisul-cscv-ramayana-critica e analise filmica-Plano Nacional de Cultura: Estudo sobre a indústria cinematográfica brasileira

Gerência de Estudos e Pesquisas
Secretaria de Políticas Culturais
Ministério da Cultura
Plano Nacional de Cultura:
Estudo sobre a indústria cinematográfica brasileira
Autor: Felipe de Oliveira Ribeiro SPC-MinC
Brasília, agosto de 20072
Sumário
Introdução pág.03
1 Cadeia Produtiva e financiamento do setor Cinematográfico pág.04
2 Análise da Produção Nacional e do emprego na área de cinema pág.06
2.1 Indicador de Participação do Cinema Nacional pág.07
3 Análise pormenorizada da participação de produtoras e distribuidoras pág.08
3.1 Indicador de Produtividade do Cinema pág.08
3.2 Análise com relação as produtoras pág.10
3.3 Análise pormenorizada da produtividade dos filmes de ação/ficção pág.14
3.4 Indicador de participação por sucesso pág.17
3.5 Análise com relação as distribuidoras pág.22
4 Filmes do Gênero Documentário pág.23
4.1 Distribuidoras de filmes do gênero documentário pág.24
4.2 Produtividade das empresas de filmes do gênero documentário pág.25
5 Exibição no Brasil pág. 25
5.1 Equipamentos cinematográficos pág.25
Anexos pág.32
Conceitos Estatístico-Matemáticos para o entendimento do trabalho pág.32
Lista de Indicadores pág. 35
Bibliografia pág. 363
Introdução
O mercado cinematográfico brasileiro é caracterizado, assim como na maior
parte dos países em desenvolvimento, pelo amplo domínio do produto importado
americano. Diante deste modelo hegemônico, evidencia-se a dificuldade dos países
periféricos para estruturar sua produção em busca de uma possível auto-
sustentabilidade.
Além da concorrência com a globalizada indústria de produção norte-
americana, a produção nacional encontra barreiras quase intransponíveis na
distribuição e exibição dos seus filmes.
A partir dos anos 70, houve uma brutal queda do número de salas de cinema.
O declínio se deve a fatores diversos, como o aumento do preço dos ingressos e a
redução do poder de compra; a modificação dos hábitos de consumo, com a difusão
dos shoppings centers; a profusão em massa da televisão; o aumento dos índices de
violência, entre outros. Com o fechamento de cinemas de rua nas capitais e de
estabelecimentos em outras cidades, o mercado ficou restrito, na sua maior parte, às
grandes cidades e seus shoppings centers.
A partir de meados da década de 90, quando o Brasil tinha pouco mais de mil
salas - na década de 70 superava as três mil salas -, o setor de exibição começou,
lentamente, a dar sinais de recuperação com a entrada dos multiplex por operadoras
estrangeiras. Esse fator aumentou a concorrência do setor, então praticamente
estagnado, e forçou as empresas sobreviventes a buscarem a modernização das salas.
Houve uma recuperação do mercado nacional balizado nos processos políticos, mas
desta vez inserindo o filme como um produto audiovisual, dadas a necessidades do
mercado e a possibilidade de recuperar seus custos ao longo da cadeia produtiva e de
suas diferentes janelas de exibição.
Em todo o mundo, de um modo geral, apenas 25% da receita total de um filme
vem da sua renda nas salas de exibição. Os outros 75% vêm dos chamados mercados
ancilares (que correspondem às inúmeras formas alternativas de difusão que hoje
conhecemos), sobretudo das televisões aberta e a cabo, mas também do homevideo, do
laserdisc, do DVD, da crescente utilização da Internet e do futuro digital.4
A partir de 2000, com o advento da Lei do Audiovisual, houve uma retomada
da produção de filmes de longa-metragem. A difusão, porém, ainda é uma questão
complexa no Brasil. O Governo tem procurado estabelecer parcerias com as tvs
aberta e a cabo, além da própria Ancine, no sentido de ajudar no aprimoramento da
difusão de filmes nacionais. Conforme veremos, a participação do cinema nacional nas
salas de exibição vem aumentando ao longo dos anos, assim como o público que assiste
a filmes nacionais.
Com relação à geografia do setor cinematográfico no Brasil, o sudeste aparece
como o principal centro produtor: o Rio tem 70% de captação, 66% dos filmes, e 68%
do público; São Paulo 26%, 29% e 31%. Essa média diz respeito aos filmes realizados
entre janeiro de 1996 e junho de 2003. Às vésperas de 2007, entretanto, essa tendência
começou a se reverter, mesmo que de forma amena.
O Brasil possui uma sala de cinema para cada 105 mil habitantes. Essas salas
estão normalmente concentradas em cidades com mais de 400 mil habitantes. As redes
norte-americanas tendem a concentrar seus esforços de exibição em filmes do gênero
blockbuster, restando aos mercados alternativos os chamados filmes de arte, que
correspondem a 10% do mercado (2003).
1- Cadeia produtiva e financiamento do setor cinematográfico
Com o propósito de entender e aprimorar o mercado cinematográfico,
iniciaremos a nossa análise fazendo uma passagem pela cadeia produtiva do setor,
composta por diversos agentes, dos quais os principais são as produtoras, as
distribuidoras e as exibidoras.
Cadeia produtiva principal
produtoras -------- distribuidoras------------exibidoras
Uma análise mais detalhada nos mostra, como veremos adiante, um mercado
concentrado, praticamente monopolizado pelas grandes produtoras e distribuidoras,
as quais se mantêm basicamente através de recursos captados, dado que a maior parte5
das empresas necessita de incentivos governamentais para continuarem produzindo e
distribuindo os filmes nacionais. Através da Lei do Audiovisual são feitas as maiores
captações de recursos, conforme vemos no gráfico a seguir:
Lei do Audovisual
Art 1
Art 3
Lei Roaunet
Art 30
Conv.Dívida
Funcines
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
-
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
80.000,00
90.000,00
100.000,00
Valores captados (1995-2005)
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Fonte: MinC
Percebe-se que os recursos, ao longo dos anos, foram sendo captados vista o
Art 1. A tendência, porém, está se revertendo e, no ano de 2005, os recursos captados
pela Lei Roaunet e vista Art 3 ficaram semelhantes aos recursos captados via Art 1;
em todos os anos, porém, a Lei do Audiovisual foi responsável pela maior parte dos
recursos (40 a 45%).
Um diagnóstico importante é a exígua participação do Fundo Nacional de
Cinema (Funcines) na distribuição dos recursos, o que nos alerta para a necessidade
de aprimorar a sua gestão no que concerne ao financiamento da indústria
cinematográfica.
Discutiremos, ao longo da análise em economia da cultura, indicadores
referentes a essa concentração monopolizada e possíveis alternativas para uma
melhor estrutura de mercado para o setor. Para tal, a base está no fomento, nas6
características e no aprimoramento das leis e dos mecanismos de incentivo.
Menores empresas (tanto produtoras como distribuidoras) detêm, conforme
veremos a seguir, uma pequeníssima fatia de participação no mercado, exceto no
gênero documentário, já que neste, geralmente, apenas um filme é produzido pelas
empresas.
A questão da distribuição e exibição ao público também ganha importância na
medida em que a renda produzida e a saúde financeira do setor - não só com relação
ao lucro das empresas, mas também em função da empregabilidade - vêm da
participação do público, que é o consumidor final.
2- Análise da produção Nacional e do emprego na área de cinema
Ano Lança
mentos
Público
1994 3,14 0,36
1995 5,13 3,71
1996 8,88 4,11
1997 10,68 4,59
1998 13,47 5,15
1999 11,11 8,57
2000 15,29 10,43
aument
o
12,15% 10,07%
Empregos Culturais do cinema
formal informa
l
Total
1992 10071 5302 15373
2001 10866 5565 16431
aument
o
7,89% 4,96% 6,88%
Fonte:
IPEA7
percentual de participação do cinema nacional
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ano
Lançamentos
Público
Fonte: Filme B / Ancine
Analisaremos, adiante, as variáveis produção e emprego em termos de cadeia
produtiva e economia da cultura.
2.1 Indicador de Participação do Cinema Nacional
Em relação à produção, um bom indicador refere-se ao percentual de
participação de novos lançamentos e à variação ao longo do período (1994-2000).
Em relação aos empregos, temos duas áreas: empregos formais e informais. No
entanto, faremos a avaliação através dos empregos totais, pois a profissão não é bem
regulamentada e delinear tal diferença se torna extremamente complexo no momento.
Um problema que encontraremos é a discrepância dos dados: para empregos,
temos dados de 1992 e 2001; enquanto para produção, conforme mencionamos, temos
dados do período de 1994 a 2000. Dessa forma, calcularemos o indicador por
aproximação e previsão média. A previsão é simples.
1 Em relação ao emprego, houve uma variação total de 6,88% entre 1992 e 2001, o
que nos leva a uma variação média anual de aproximadamente 0,7%.8
2 Em relação à produção, a variação total foi de 12,15%, o que nos leva a uma
variação média anual de 1,74%.
Criamos um indicador que mede o quanto o aumento da participação nacional na
produção de novos lançamentos reflete na geração de empregos, o qual
denominaremos Indicador de Impacto de Cinema ( I. I. C.). Esse indicador é medido
pelo seguinte quociente:
= variação percentual do emprego na área / produção e eficiência medidas pela
participação dos novos lançamentos no circuito brasileiro
Calculamos o indicador segundo os dados acima:
IIC =0,7/1,74= 0,40
Ou seja, para cada aumento em 1% da participação nacional, que mede a
produção e a eficiência da indústria nacional, o aumento na geração de empregos é de
apenas 0,40%.
O objetivo do Governo e das políticas culturais é justamente aumentar o
indicador, estruturando o setor para a criação de empregos.
3- Análise pormenorizada da participação das produtoras e
distribuidoras do setor
3-1 IPC- Indicador de Produtividade do Cinema
Criamos um indicador de produtividade que é medido pelo quociente entre a
renda obtida e os recursos captados. Ele mede o sucesso do empreendimento
cinematográfico. Lembramos que a produtividade entre as distribuidoras e
produtoras é a mesma em termos totais, pois os valores captados e a renda auferida
são distribuídos entre as duas por filme.
Veja abaixo os resultados (analisados da mesma forma que anteriormente) e
um gráfico que representa a análise:
Não há nenhuma relação entre o tamanho das empresas e o seu grau de
produtividade, já que as empresas que produziram apenas um filme e detêm uma9
mínima participação na renda têm uma produtividade de 1,03, enquanto as empresas
que produziram três filmes neste período têm uma produtividade de 7,45. As 6
maiores produtoras que detêm quase um terço do mercado, as quais produziram 5 ou
mais filmes, têm uma produtividade de 1,11.
Este indicador mostra que a cada R$ 1,00 de recursos captados tem-se uma
renda de R$ 1,04 no total, ou seja, a produtividade é de 4%.
produtividade média
0
1
2
3
4
5
6
7
8
5 ou mais
4
3
2
1
Total
produtividade
média
Fonte: Filme B/ Ancine
Este indicador serve, portanto, para medir a eficiência e o sucesso do
empreendimento cinematográfico; serve, ainda, de base para a gestão do cinema e dos
filmes. Cabe, porém, uma ressalva: é necessário uma análise da quantidade de filmes
dos quais a empresa participou, pois algumas empresas com apenas um filme
produzido tiveram grande êxito. Diante deste quadro, é preciso levar em consideração
apenas amostras de empresas como na análise que fizemos. Chamaremos este índice
de Indicador de Produtividade do Cinema (IPC).10
3-2 Análise das Produtoras
Filmes do gênero ação e ficção
R e c u rs o s c a p ta d o s a n o a a n o n o c in em a N a c io n a l
0 ,0 0
1 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
2 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
3 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
4 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
5 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
6 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
7 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
8 0 .0 0 0 . 0 0 0 ,0 0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
re c urs o s
c a p ta d o s
Fonte: Filme B/ Ancine
Vemos que os recursos captados ano a ano aumentaram de 1995 a 2004. Esse
aumento não ocorreu de forma linear e teve um comportamento cíclico.
De 2000 a 2002 e de 2003 a 2004, houve uma queda com relação ao total de
recursos captados. Verifica-se, em 2003, o seu ápice, com 70 milhões de reais
captados; já em 2004, verifica-se um declínio na captação, que não ultrapassa 55
milhões de reais.
O lado positivo é que, apesar das contínuas oscilações, os recursos captados
apresentam tendência à alta. Essa alta, porém, está condicionada à manutenção das
políticas de fomento por parte do Governo, que são baseadas na captação via Lei do
Audiovisual , art 1, art 3 , na Lei Rouanet, entre outras, as quais devem ser criadas ou
incrementadas.11
Número de filmes de Longa- Metragem do cinema Nacional
ano a ano
10
15
16
19 19
24
23
22
23 23
0
5
10
15
20
25
30
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
número de
filmes
Fonte: Filme B / Ancine
De 1995 a 2000, o número de filmes produzidos teve um significativo aumento.
Do ano 2000 em diante, a produção manteve-se num mesmo patamar, ou seja, cerca
de 23 filmes anuais.
Participação na captação de recursos pelas produtoras por número
de empresas e quantidade de filmes produzidos
29%
9%
3% 23%
36% 5 ou mais (6 empresas)
4 ( 5 empresas)
3 (8 empresas)
2 (21 empresas)
1 ( 79 empresas)
Fonte: Filme B/ Ancine12
No Gráfico acima, vemos o tamanho da no que diz respeito à participação das
produtoras. Entre 1995 e 2005, apenas 6 empresas produziram cinco ou mais filmes;
elas detêm uma participação de 29% do mercado (quase um terço). Estas 6 empresas,
cabe salientar, representam apenas 5% do total.
Em um outro extremo, 79 empresas (2% do total) tiveram uma participação
em termos de recursos captados pouco superior a um terço ( 36%).
Daí a necessidade de um aprimoramento da política de fomento e da legislação
vigente.
Participação na renda das produtoras por número de filmes e
quantidade de empresas
32%
7%
22%
18%
21%
5 ou mais (6 empresas)
4 ( 5 empresas)
3 (8 empresas)
2 (21 empresas)
1 ( 79 empresas)
Fonte: Filme B/ Ancine
Com relação à participação na renda, a situação é ainda mais dramática.
Apenas 6 empresas detêm 32% da renda, enquanto 100 empresas, as quais
produziram apenas 1 ou 2 filmes neste período, detêm juntas menos de 40% da renda
-para sermos exatos, 39%. Não obstante, essas 100 empresas detêm uma participação
de aproximadamente 84% do total.
Resumindo, em termos de produtoras, 5% das empresas detêm 32% da renda,
enquanto as empresas que produziram um ou dois filmes representam 84% do
mercado e detêm apenas 39% da renda.13
Produtividade do cinema Nacional ano a ano
0,22
0,34
0,69
0,83
0,42
0,79 0,72
0,95
1,86
1,65
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Fonte: Filme B/ Ancine
A produtividade ( renda / recursos captados ) apresenta um comportamento
cíclico, embora nos anos de 2003 e 2004 ela tenha sido superior a 1,00 –
respectivamente 1,86 e 1,65. Com o aumento de público e a manutenção da política do
Governo, a tendência é que tal produtividade se mantenha cada vez melhor.
Lembramos que somente com uma produtividade acima de 1,00 é que as
produtoras estão perto de auferir lucro já no momento da exibição. Esta análise não
pode definir, entretanto, se de fato obtiveram lucro, pois nem sempre os recursos
captados representam o custo total da produção. As produtoras podem ter acessado
outras fontes de fomento que não o Governo (apoio privado e recursos próprios)
aumentando, assim, o custo total da produção.
Quando analisamos individualmente, ano a ano, as produções
cinematográficas, percebemos que apenas uma pequena parte delas tiveram
produtividade superior a 1,00. Esta pequena parcela, no entanto, concentrou sucessos
tão grandes que puxou a média ano a ano para cima.14
3.3 Análise pormenorizada da produtividade dos filmes de ação/ ficção
Tabela 1
FILMES QUE CAPTARAM
RECURSOS E TIVERAM
PRODUTIVIDADE >=1,00
CLASSIFICAÇÃO POR ORDEM
DECRESCENTE DE
PRODUTIVIDADE
PRODUTIVIDADE
1 OS NORMAIS ( 2003) José Alvarenga 13,24
2 IRMÃOS DE FÉ ( 2004) Moacyr Góes 6,70
3 AVASSALADORAS( 2002) Mara Mourão 6,38
4 CARANDIRU ( 2003) Hector Babenco 6,17
5 PEQUENO DICIONÁRIO
AMOROSO ( 1996)
Sandra Werneck 5,86
6 O NOVIÇO REBELDE( 1997) Tizuka Yamazaki 5,56
7 XUXA POPSTAR ( 2000) Paulo Sérgio Almeida e
Tizuka Yamasaki
5,06
8 SEXO, AMOR E TRAIÇÃO( 2004) Jorge Fernando 4,36
9 O QUATRILHO (1994) Fábio Barreto 3,99
10 MARIA - A MÃE DO FILHO DE
DEUS ( 2003)
Moacyr Góes 3,57
11 XUXA E OS DUENDES (2001) Paulo Sérgio Almeida e
Rogério Gomes
3,32
12 XUXA ABRACADABRA ( 2003) Moacyr Góes 3,31
13 CINEGIBI, O FILME - A TURMA
DA MÔNICA ( 2004)
José Márcio Nicolosi 3,12
14 OLGA ( 2004) Jayme Monjardim 3,06
15 DIDI QUER SER CRIANÇA (2004) Alexandre Boury e Reynaldo
Boury
2,89
16 DIDI - O CUPIDO TRAPALHÃO (
2003)
Paulo Aragão e Alexandre
Boury
2,74
17 XUXA REQUEBRA ( 1999) Tizuka Yamazaki 2,69
18 CENTRAL DO BRASIL ( 1998) Walter Salles 2,63
19 CIDADE DE DEUS ( 2002) Fernando Meirelles 2,58
20 O HOMEM QUE COPIAVA( 2002) Jorge Furtado 2,42
21 BICHO DE SETE CABEÇAS(
2000)
Lais Bodanski 2,3215
22 HOUVE UMA VEZ DOIS
VERÕES( 2002)
Jorge Furtado 2,22
23 XUXA E OS DUENDES 2 ( 2002) Paulo Sérgio Almeida e
Rogério Gomes
2,08
24 ILHA RÁ-TIM-BUM ( 2003) Eliana Fonseca 1,98
25 DEUS É BRASILEIRO ( 2003) Cacá Diegues 1,94
26 AMARELO MANGA ( 2002) Cláudio Assis 1,92
27 O INVASOR ( 2001) Beto Brant 1,56
28 AMORES POSSIVEIS ( 2001) Sandra Werneck 1,34
29 O TRAPALHÃO E A LUZ AZUL (
1999)
Tizuka Yamazaki 1,25
Tabela 2
CLASSIFICAÇÃO POR ORDEM
DECRESCENTE DE PÚBLICO
1 CARANDIRU ( 2003) Hector Babenco 4.693.853
2 CIDADE DE DEUS ( 2002) Fernando Meirelles 3.307.746
3 OLGA ( 2004) Jayme Monjardim 3.076.297
4 OS NORMAIS ( 2003) José Alvarenga 2.977.641
5 XUXA E OS DUENDES (2001) Paulo Sérgio Almeida e
Rogério Gomes
2.657.091,00
6 XUXA POPSTAR ( 2000) Paulo Sérgio Almeida e
Tizuka Yamasaki
2.394.326,00
7 MARIA - A MÃE DO FILHO DE
DEUS ( 2003)
Moacyr Góes 2.322.290,00
8 XUXA E OS DUENDES 2 ( 2002) Paulo Sérgio Almeida e
Rogério Gomes
2.301.152,00
9 SEXO, AMOR E TRAIÇÃO( 2004) Jorge Fernando 2.219.423
10 XUXA ABRACADABRA ( 2003) Moacyr Góes 2.214.481,00
11 O AUTO DA COMPADECIDA (
2000)
Guel Arraes 2.157.166
12 XUXA REQUEBRA ( 1999) Tizuka Yamazaki 2.074.461,00
13 DIDI - O CUPIDO TRAPALHÃO (
2003)
Paulo Aragão e Alexandre
Boury
1.758.579,00
14 SIMÃO, O FANTASMA
TRAPALHÃO( 1998)
Paulo Aragão 1.658.136
15 DEUS É BRASILEIRO ( 2003) Cacá Diegues 1.635.21216
16 CENTRAL DO BRASIL ( 1998) Walter Salles 1.593.967
17 O NOVIÇO REBELDE( 1997) Tizuka Yamazaki 1.501.035
18 CARLOTA JOAQUINA( 1994) Carla Camurati 1.286.000
19 O QUATRILHO (1994) Fábio Barreto 1.117.154,00
20 DIDI QUER SER CRIANÇA (2004) Alexandre Boury e Reynaldo
Boury
982.175,00
Tabela 3
Classificação por ordem decrescente de renda
1 CARANDIRU ( 2003) R$ 29.623.481,00
2 OLGA ( 2004) R$ 20.363.415,00
3 OS NORMAIS ( 2003) R$ 19.852.517,00
4 CIDADE DE DEUS ( 2002) R$ 19.539.624,00
5 SEXO, AMOR E TRAIÇÃO( 2004) R$ 15.775.132,00
6 MARIA - A MÃE DO FILHO DE
DEUS ( 2003)
R$ 12.798.413,00
7 XUXA E OS DUENDES (2001) R$ 11.691.200,00
8 XUXA ABRACADABRA ( 2003) R$ 11.677.129,00
9 O AUTO DA COMPADECIDA (
2000)
R$ 11.496.994,00
10 XUXA E OS DUENDES 2 ( 2002) R$ 11.485.979,00
11 DEUS É BRASILEIRO ( 2003) R$ 10.655.438,00
12 XUXA POPSTAR ( 2000) R$ 9.625.191,00
13 DIDI - O CUPIDO TRAPALHÃO (
2003)
R$ 8.984.535,00
14 XUXA REQUEBRA ( 1999) R$ 8.173.376,00
15 CENTRAL DO BRASIL ( 1998) R$ 8.087.276,00
16 CARLOTA JOAQUINA( 1994) R$ 6.430.000,00
17 SIMÃO, O FANTASMA
TRAPALHÃO( 1998)
R$ 6.118.522,00
18 O NOVIÇO REBELDE( 1997) R$ 6.019.150,00
19 IRMÃOS DE FÉ ( 2004) R$ 5.652.025,00
20 DIDI QUER SER CRIANÇA (2004) R$ 5.583.242,00
21 O HOMEM QUE COPIAVA( 2002) R$ 4.692.436,00
22 O QUATRILHO (1994) R$ 4.513.302,00
23 ZOANDO NA TV ( 1998) R$ 3.463.297,00
24 O TRAPALHÃO E A LUZ AZUL (
1999)
R$ 2.947.356,0017
25 AMORES POSSIVEIS ( 2001) R$ 2.658.663,00
26 BICHO DE SETE CABEÇAS(
2000)
R$ 2.184.514,00
27 PEQUENO DICIONÁRIO
AMOROSO ( 1996)
R$ 2.100.685,00
28 CINEGIBI, O FILME - A TURMA
DA MÔNICA ( 2004)
R$ 1.823.899,00
29 AVASSALADORAS( 2002) R$ 1.722.883,00
30 MENINO MALUQUINHO( 1994) R$ 1.532.509,00
31 CARAMURU ( 2001) R$ 1.500.740,00
32 ILHA RÁ-TIM-BUM ( 2003) R$ 991.184,00
33 AMARELO MANGA ( 2002) R$ 769.750,00
34 O INVASOR ( 2001) R$ 669.762,00
35 UM ANJO TRAPALHÃO( 2000) R$ 513.632,00
3.4 Indicador de participação por sucesso
Convém ressaltar que a melhor medida para o mercado consumidor é o
público, pois a renda auferida não segue esta variável ( o público) quando agregamos
os anos, já que os preços dos ingressos sofreram aumentos em determinados anos.
Assim, se quisermos avaliar o alcance do filme em relação ao público, devemos nos
orientar pela tabela 2. Com relação àqueles filmes que tiveram eficiência, o melhor
indicador é o da produtividade (tabela 1).
Para definirmos se um filme logrou ou não sucesso, utilizaremos os dados da
tabela 3, que nos indica a bilheteria. Definiremos como sucesso:
Os filmes que alcançaram uma bilheteria igual ou superior a R$ 1.000.000,00.
Sucesso ano a ano e
participação dos sucessos na
renda total anual
1994
CARLOTA JOAQUINA( 1994) R$ 6.430.000,00
O QUATRILHO (1994) R$ 4.513.302,00
MENINO MALUQUINHO( 1994) R$ 1.532.509,00
Total R$ 10.943.302,00
Participação no ano de 1994 84,51%18
Participação por sucesso 32,12%
1996
PEQUENO DICIONÁRIO
AMOROSO ( 1996)
R$ 2.100.685,00
Total R$ 6.074.591,00
Participação no ano de 1996 34,58%
Participação por sucesso 34,58%
1997
O NOVIÇO REBELDE( 1997) R$ 6.019.150,00
Total R$ 13.286.957,00
Participação no ano de 1997 45,30%
Participação por sucesso 45,30%
1998
CENTRAL DO BRASIL ( 1998) R$ 8.087.276,00
SIMÃO, O FANTASMA
TRAPALHÃO( 1998)
R$ 6.118.522,00
ZOANDO NA TV ( 1998) R$ 3.463.297,00
Total R$ 17.669.095,00
Total em 1998 R$ 20.691.189,00
Participação no ano de 1998 85,39%
Participação por sucesso 28,46%
1999
XUXA REQUEBRA ( 1999) R$ 8.173.376,00
O TRAPALHÃO E A LUZ AZUL (
1999)
R$ 2.947.356,00
Total R$ 11.120.732,00
Total em 1999 R$ 19.568.558,00
Participação no ano de 1999 56,83%
Participação por sucesso 28,41%
2000
O AUTO DA COMPADECIDA (
2000)
R$ 11.496.994,00
XUXA POPSTAR ( 2000) R$ 9.625.191,00
BICHO DE SETE CABEÇAS(
2000)
R$ 2.184.514,00
Total R$ 23.306.699,00
Total em 2000 R$ 40.049.573,00
Participação no ano de 2000 58,19%
Participação por sucesso 19,40%
2001
XUXA E OS DUENDES (2001) R$ 11.691.200,00
AMORES POSSIVEIS ( 2001) R$ 2.658.663,00
CARAMURU ( 2001) R$ 1.500.740,0019
Total R$ 15.850.603,00
Total em 2001 R$ 34.127.960,00
Participação no ano de 2001 46,44%
Participação por sucesso 15,48%
2002
CIDADE DE DEUS ( 2002) R$ 19.539.624,00
XUXA E OS DUENDES 2 ( 2002) R$ 11.485.979,00
O HOMEM QUE COPIAVA( 2002) R$ 4.692.436,00
AVASSALADORAS( 2002) R$ 1.722.883,00
Total R$ 35.718.039,00
Total em 2002 R$ 43.803.924,00
Participação no ano de 2002 81,54%
Participação por sucesso 21,37%
2003
CARANDIRU ( 2003) R$ 29.623.481,00
OS NORMAIS ( 2003) R$ 19.852.517,00
MARIA - A MÃE DO FILHO DE
DEUS ( 2003)
R$ 12.798.413,00
XUXA ABRACADABRA ( 2003) R$ 11.677.129,00
DEUS É BRASILEIRO ( 2003) R$ 10.655.438,00
DIDI - O CUPIDO TRAPALHÃO (
2003)
R$ 8.984.535,00
Total R$ 93.591.513,00
Total em 2003 R$ 128.473.979,00
Participação no ano de 2003 72,85%
Participação por sucesso 12,14%
2004
OLGA ( 2004) R$ 20.363.415,00
SEXO, AMOR E TRAIÇÃO( 2004) R$ 15.775.132,00
IRMÃOS DE FÉ ( 2004) R$ 5.652.025,00
DIDI QUER SER CRIANÇA (2004) R$ 5.583.242,00
CINEGIBI, O FILME - A TURMA
DA MÔNICA ( 2004)
R$ 1.823.899,00
Total R$ 47.373.814,00
Total em 2004 R$ 88.133.076,00
Participação no ano de 2004 53,75%
Participação por sucesso 11,16%
Neste contexto, percebemos que, ano a ano, apenas alguns sucessos são
suficientes para que a produtividade anual se eleve. Em 2003, por exemplo, os 6
maiores sucessos - de um total de 23 filmes - foram responsáveis por 72,85% da renda
do ano.20
Criamos um indicador que mensura quanto foi a participação na renda total
anual por sucesso. No caso de 2003, dividimos esta participação de 72,85% pelo
número de sucessos no ano (no caso seis) e chegamos à participação por sucesso na
renda anual de 12,14%. No gráfico abaixo plotamos esta participação por sucesso ano
a ano, analisando-a posteriormente.
Participação por sucesso no total anual da renda auferida
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
participação por sucesso
Fonte: Filme B / Ancine
A participação por sucesso nos mostra que, ao longo dos anos, os sucessos
tiveram menor peso na renda total. Isto é um bom sinal, pois indica que a renda não
esteve tão condicionada pelos sucessos e / ou o número de sucessos aumentaram em
relação ao total de filmes. Para que esta idéia fique mais clara, vamos analisar o
número de sucessos ano a ano e compará-lo ao gráfico acima.21
Número de sucessos ano a ano
0
1
2
3
4
5
6
7
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
número de
sucessos
Fonte: Filme B / Ancine
Vemos que a participação por sucesso caiu, melhorando a distribuição da
renda no que se refere à participação dos outros filmes em 2003 e 2004. Já o número
de sucessos aumentou de 3 (2002) para 6 (2003) e em seguida caiu para 5 (2004).
Como, em geral, a renda auferida e o número de sucessos não aumentam
proporcionalmente de ano para ano, quando dividimos um pelo outro a participação
por sucesso cai e não reflete como esteve distribuída a participação na renda entre
sucessos e não sucessos, ou seja, apresenta apenas uma aproximação.
Teríamos, portanto, que aprimorar o indicador, o que não convém diante das
complexidades matemáticas.22
3-4 Análise com relação as distribuidoras
Participação na renda das distribuidoras por numero de filmes e
quantidade de empresas
72%
17%
4%
3%
1%
3%
mais de 10 (4 empresas)
5 ou mais (4 empresas)
4 ( 4 empresas)
3 (1 empresa)
2 (4 empresas)
1 ( 13 empresas)
Participação da captação de recursos pelas distribuidoras
por número de filmes e quantidade de empresas
14%
6%
3% 4% 7%
66%
mais de 10 (4 empresas)
5 ou mais (4 empresas)
4 ( 4 empresas)
3 (1 empresa)
2 (4 empresas)
1 ( 13 empresas)
Fonte: Filme B / Ancine
Com relação às distribuidoras, a situação é ainda mais heterogênea.
Em termos de recursos captados, apenas 8 empresas - responsáveis pela
distribuição de 5 ou mais filmes cada- , ou seja, 27% do total detêm 80% dos recursos
captados, enquanto 22 empresas (que distribuíram no mercado de 1 a 4 filmes no
período cada), ou 73% do total, ficaram com apenas 20% dos recursos captados.23
O mais alarmante, porém, é que 4 empresas, que representam apenas 13% do
total de distribuidoras, captaram 62% dos recursos totais no período , distribuindo 10
ou mais filmes cada. São elas: Columbia, Warner, Lumière e RioFilme.
Em termos de renda, a situação é ainda pior. Apenas 8 empresas - responsáveis pela
distribuição de 5 ou mais filmes cada -, ou seja, 27% do total, detêm 89% da renda
auferida, enquanto 22 empresas - que distribuíram no mercado de 1 a 4 filmes no
período cada -, ou seja, 73% do total, ficaram com apenas 11% da renda gerada.
Uma das características ainda mais oligopolizantes e que não se encontra no
gráfico é que, em termos de renda auferida, as quatro maiores empresas, ou seja, 13%
do total, ficaram com 82% da renda. São elas: Columbia, Warner, Lumière e Fox.
Columbia, Warner e Lumière apresentam-se como as principais
distribuidoras, captando 47,5% dos recursos e auferindo 69% da renda.
4.- Filmes do gênero documentário:
Os gráficos a seguir se referem a empresas produtoras:
participação em termos de recursos captados por número de
filmes produzidos e quantidades de empresas
( gênero: documentário)
23%
9%
64%
4% 5 ou mais (1 empresa)
4 ( 0 empresa)
3 (1 empresa)
2 (3 empresas)
1 ( 36 empresas)
Fonte: Filme B / Ancine24
Com relação aos filmes do gênero documentário, o mercado é menos
heterogêneo, pois 88% das empresas, ou 36 das 41 produtoras, detêm 64% do
mercado. No entanto, a idéia de concentração no segmento se evidencia quando
constatamos que apenas uma empresa (VideoFilmes Produções Artísticas LTDA)
produziu 7 filmes e teve uma participação de 23% no mercado.
Participação em termos de renda obtida por número de filmes e
quantidade de empresas
Gênero: Documentário
19%
4%
3%
74%
5 ou mais (1 empresa)
4 ( 0 empresa)
3 (1 empresa)
2 (3 empresas)
1 ( 36 empresas)
Fonte: Filme B / Ancine
Em termos de renda auferida, a indústria cinematográfica do gênero
documentário está ainda menos concentrada, o que significa um bom sinal para o
setor. As 36 empresas produtoras de filmes documentários, que representam 80% do
total, auferiram uma renda de 74% - ou seja, quase similar em termos percentuais.
Ainda há uma grande fatia da renda para a empresa VídeoFilmes, mas tal fatia de
mercado não é mais tão elevada: 19%.
4.1 Distribuidoras de filmes do gênero documentário
Com relação às distribuidoras de filmes do gênero documentário, a situação é25
discrepante. Uma empresa ( RioFilme ) distribuiu 31 fimes , quase 60% do total,
captando mais de 6 milhões no período, ou 27% do total. No entanto, auferiu uma
renda de apenas 24% dos filmes distribuídos resultando numa baixíssima
produtividade.
Renda Total= R$ 2.198.644,00
Recursos captados=R$ 6.105.329,20
Produtividade= 0,36
Ou seja, a cada R$1,00 captado , a empresa RioFilme auferiu R$ 0,36, ou seja
uma produtividade negativa de 63%. Não obstante, a produtividade do setor
documentário é também baixíssima : 0,38.
4.2 Produtividade das empresas de filmes do gênero documentário
As empresas de filmes documentários têm, na sua grande maioria, uma renda
inferior aos recursos captados. Somente três distribuidoras apresentaram
produtividade positiva: RioFilmeTVzero, PaleoTV e Severiano Ribeiro. Todas elas
distribuíram apenas 1 filme: 33, Viva São João e Pelé Eterno, respectivamente.
A empresa RioFilme, porém, apesar da baixa produtividade, obteve um grande
sucesso: “Edifício Master”, de Eduardo Coutinho, que não captou recursos junto ao
governo e auferiu uma renda de R$ 588.986,00.
5- Exibição no Brasil
5.1 Equipamentos cinematográficos
Sobre a presença de equipamentos cinematográficos no país, vemos que a
região Sul apresenta o maior percentual: 12% dos municípios da região têm cinema.
É seguida pela região Sudeste, com cerca de 9%; Centro-Oeste, onde pouco mais de
5% dos municípios possuem cinemas; Nordeste (3%) e Norte, com aproximadamente26
3%.
Percentual de municípios por região
possuidores de cinema
0
2
4
6
8
10
12
14
Centro-
Oeste
Norte Nordeste Sul Sudeste
percentual de
municipios
Fonte: Texto do Ipea ( Frederico Barbosa)
Percentual dos municípios que possuem
Videolocadoras
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Centro-
Oeste
Norte Nordeste Sul Sudeste
Regiões
Fonte: Texto do IPEA ( Frederico Barbosa)
Sobre possuírem ou não videolocadoras, a região Sul apresenta novamente o
maior percentual: 76,04% dos municípios dispõem deste tipo de equipamento; em
seguida vem o Sudeste, com 69,79%; o Centro-Oeste, com 67,75%; o Nordeste, com
51,73%; e o Norte, com 41,43%.
É interessante observar que o percentual de municípios em relação às27
videolocadoras segue a mesma tendência do cinema, ou seja, a região Sul tem o maior
percentual de municípios que possuem cinema no Brasil e também o mesmo com
relação as videolocadoras. Esta tendência é similar nas outras regiões.
Podemos inferir que o cinema traz ao público o gosto pelo filme, e com o tempo
as regiões próximas aos municípios que têm cinema começam a ter contato com a
distribuição através de videolocadoras.
É um caso clássico da teoria da demanda efetiva, a demanda “puxando” a
oferta.
Público ano a ano do cinema Nacional
0,00
5.000.000,00
10.000.000,00
15.000.000,00
20.000.000,00
25.000.000,00
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Público
Fonte: Filme B/ Ancine
O público de filmes nacionais aumentou significativamente de 1995 para 2004.
Atingiu seu ápice em 2003, com cerca de 21 milhões de espectadores. Em 2004, o
público total caiu para 13 milhões.
Tendo em vista a forte demanda potencial, a tendência é que o público
aumente, mas de forma gradual. Nesse contexto, O ano de 2003 deve ser visto como
uma exceção.
A progressão depende de uma série de variáveis, a exemplo a política do28
Governo no que tange ao fomento; a situação das produtoras; a situação da economia
como um todo; e a relação do público com o cinema nacional, que ainda não está
consolidada - o público ainda se interessa muito mais pelos sucessos cinematográficos
estrangeiros, sobretudo os norte-americanos.
A renda auferida segue o mesmo comportamento do público, pois este,
pagando um preço de ingresso fixo, gera tal renda; ou seja, a renda auferida é igual ao
consumo.
O gráfico abaixo nos mostra o fato.
Renda auferida ano a ano do cinema Nacional
0,00
20.000.000,00
40.000.000,00
60.000.000,00
80.000.000,00
100.000.000,00
120.000.000,00
140.000.000,00
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Renda
auferida
Com o passar dos anos e com o surgimento das videolocadoras, das TVs por
assinatura e com a escassez de tempo do público consumidor, o setor cinematográfico
vinculado ao consumo de filmes exibidos diretamente nas salas entrou em declínio.
Este fato, entretanto, está sendo revertido pelo surgimento de salas de exibição
operadas pelo conceito multiplex.
Em 1999, houve um faturamento de 350 milhões de reais, dos quais 50% foram
repassados para as distribuidoras de filmes, cuja maior participação cabe às empresas29
Warner, Fox e Columbia.
Comportamento do mercado de salas de Exibição no Brasil
1997 1998 1999 2000
Número de Salas 1400 1301 1400 1525
Bilheteria ( milhões de ingressos) 52,5 70,0 70,0 80,0
População ( milhões de pessoas) 163,1 165,1 167,2 169,2
Consumo per capita (ingressos vendidos/
população)
0,32 0,42 0,42 0,47
Fontes: Gazeta Mercantil, Baskerville Communications Corp. e Filme B
O número de salas declinou em 1998, mas, a partir de 1999, voltou ao mesmo
patamar de 1997, 1400, e subiu para 1525 em 2000.
A bilheteria cresceu ano a ano (ela manteve-se estável apenas de 1998 a 1999),
chegando ao patamar de 80 milhões de ingressos vendidos em 2000.
A população também cresceu, mas proporcionalmente menos do que o
crescimento da venda de ingressos. Desta forma, o consumo de ingresso per capita (por
habitante) manteve um ritmo de crescimento, à exceção de 1998 e 1999, em que esteve
estagnado, chegando a 0,47 em 2000.
Evolução do número de salas de exibição no Brasil por grupo
1997 1998 1999
Cinemark 30 112 180
Severiano Ribeiro 147 172 170
UCI 10 51 90
Haway 55 62 68
Paris - 57 43
PlayArte 42 42 42
Alvorada - 37 3730
Hoyts General
Cinema
0 0 15
Total 369 533 645
Cinemark
Severiano Ribeiro
UCI
Haway
Paris
PlayArte
Alvorada
Hoyts General Cinema
Total
1997
1998
1999
0
100
200
300
400
500
600
700
número
Grupos
anos
Número de cinemas ano a ano por Grupo
1997
1998
1999
Fonte:BNDES
Ao analisarmos a participação dos grupos ano a ano, percebemos que o Grupo
Severiano Ribeiro detinha disparado, em 1997 e 1998, o maior número de salas. Já em
1999, os grupos Cinemark e UCI ( grupos Estrangeiros ) aumentaram sensivelmente o
número de salas, sendo que o grupo Cinemark passou a liderar o ranking com o
maior número de salas de exibição. A seguir a participação percentual dos grupos em
1999.31
Participação dos grupos por sala de
exibição em 1999
27%
26% 14%
11%
7%
7% 6% 2%
Cinemark
Severiano Ribeiro
UCI
Haway
Paris
PlayArte
Alvorada
Hoyts General Cinema
Fonte: BNDES32
ANEXO
Conceitos estatístico-matemáticos e de economia do cinema para o entendimento do
trabalho.
A produção se refere à quantidade elaborada pelo mercado. No caso da
indústria cinematográfica, temos, a cada ano, novos filmes nacionais no circuito. A
produção da indústria seria, portanto, a soma de todos os filmes no período de um
ano.
O aumento da produção é calculado da seguinte forma: Aumento da produção
= (produção no ano x / produção no ano ( x-1) anterior a x)-1 *100 ou seja:
Se no ano de 1995 foram produzidos 100 filmes e no ano de 2006 foram produzidos
150 filmes, o aumento deverá ser assim calculado: 150 dividido por 100 = 1,5; após 1,5
–1 = 0,5 e mais a frente :
0,5 vezes 100 = 50%.
Assim o aumento de 1995 para 1996 é de 50%.
Fator importante para a medição da eficiência da indústria cinematográfica
nacional é a participação destes filmes ano a ano no circuito, considerando que eles
concorrem fortemente com filmes estrangeiros. Quando aumentamos a participação
dos filmes brasileiros exibidos no país, temos um indício de que a produção aumentou
( novos filmes foram produzidos ); em economia, no entanto, não nos interessa só este
aumento, e sim o quanto estes filmes nacionais estão sendo vistos e exibidos. A
participação dos filmes nacionais no circuito é calculada da seguinte forma:
=Filmes nacionais exibidos / Filmes totais exibidos ( nacionais e estrangeiros) * 100.
Um exemplo:
Se foram exibidos 30 filmes nacionais no ano de 2005, de um total de 350 filmes
( nacionais e estrangeiros), a participação do cinema nacional foi de :
(30/350) vezes 100 = 8,57 %.
Para verificarmos o quanto esta produção e a eficiência do cinema nacional
aumentaram de um ano para o outro, fazemos:
Participação no ano menos a participação no ano anterior. Exemplo:
Se a participação em 2004 foi de 5% e o aumento da participação é de 8,57% (33
calculado acima), temos: 8,57% menos 5% ( ano de 2005 menos o ano de 2004) =
3,57%. Este aumento nos mostra em quanto o cinema nacional tem melhorado em
termos de produção e eficiência.
Economicamente falando, um aumento da produção implica no aumento de
empregos no setor. Vamos criar um indicador, a ser apresentado mais adiante, que
nos mostrará o quanto um aumento na produção em um período x pode representar
a variação não só de um ano para outro, mas a variação de vários anos.
Em relação ao emprego, aplicam-se os mesmos cálculos utilizados para a
produção, mudando-se apenas a variável produção por emprego ( número de
empregos.)
Em relação à indústria cinematográfica, temos ainda vários aspectos
econômicos a serem definidos. As empresas captam recursos, lançam os filmes no
mercado e através da exibição auferem renda. Esta cadeia produtiva será melhor
entendida posteriormente. O que nos interessa agora é mostrarmos que nos mesmos
moldes anteriores a participação das empresas ou produtoras ou distribuidoras é
calculada de forma percentual dividida por segmentos. O total dos segmentos soma os
100%. Exemplificando, temos x segmentos no mercado que podemos definir da forma
que quisermos. Neste trabalho, definimos pelo número de filmes que a empresa
produziu ou distribuiu:
Produtoras ( filmes produzidos ) Distribuidoras ( filmes distribuídos)
5 ou mais 10 ou mais
4 5 a 9
3 4
2 3
1 2
1
Para sabermos qual a participação, por exemplo, das distribuidoras que no
período foram responsáveis pela distribuição de 5 a 9 filmes, calculamos o número de
empresas deste segmento, exemplificando hipoteticamente 10 empresas. Quanto elas34
captaram neste período ?
Somamos as captações destas 10 empresas : digamos que o resultado seria de
R$ 30 milhões. Dividimos pelo valor total da captação de recursos de todas as
empresas no período. Digamos que sejam R$ 150 milhões e calculamos a participação
deste segmento no total da seguinte forma: 30 dividido por 150 = 0,2 . Depois
multiplicamos por 100 ( 0,2 vezes 100 ) e temos a participação do segmento que
distribuiu de 5 a 9 filmes no período igual a 20%.
O mesmo raciocínio vale para os outros segmentos. Faremos uma análise
primeiramente com as produtoras e posteriormente com as distribuidoras.
Em economia, se a indústria é concentrada, ou seja, poucas empresas detêm
uma grande participação do mercado, dizemos que o setor é oligopolizado. Se for
apenas uma empresa quem detém todo o mercado, temos a presença de monopólio. O
ideal são muitas empresas com as participações divididas de forma proporcional;
neste caso o setor é de concorrência perfeita.
A presença de monopólio ou oligopólio implica uma agência reguladora para
resolver tais questões, que no caso da indústria cinematográfica é a Ancine.
Com relação também à captação de recursos, estes podem ser feitos por
diversos mecanismos: apoiados na Lei do Audiovisual, art 1, art 3, através do Fundo
Nacional de Cinema (Funcines), através da Lei Roaunet ,etc.
A participação da captação das empresas cinematográficas em cada um dos
mecanismos de fomento é calculada com a mesma metodologia que vem sendo usada,
por exemplo:
Valor captado através do mecanismo / valor total captado no ano ou período
vezes 100:
Exemplo : No ano de 1998 foram captados R$ 1 milhão pelo mecanismo da Lei do
AudioVisual de um total de R$ 2 milhões. A participação em 1998 da captação das
empresas por parte da Lei do AudioVisual é de (1 /2 ) vezes 100 = 50%. Assim é feito
ano a ano em cada mecanismo.35
ANEXO
Lista de Indicadores
Indicador de Participação do Cinema Nacional ( I. P. N)................................................7
Mensura qual o percentual do cinema brasileiro com relação a sua participação na
exibição total incluindo filmes nacionais e estrangeiros.
Indicador de Impacto do Cinema ( I. I.C.)........................................................................8
Mensura o quanto o aumento da produção e eficiência do cinema nacional medido pelo
I .P.N. reflete na geração de empregos.
Indicador de produtividade do Cinema ( I.P.C.)..............................................................8
Mensura o grau de êxito da produção cinematográfica, com relação a renda auferida e
aos recursos captados junto ao governo através dos mecanismos de fomento.
Indicador de participação por sucesso.............................................................................17
Mensura o quanto os sucessos foram determinantes no que tange a renda total,
sendo, desta forma, um indicador de eficiência do grau de diversificação da produção.36
Bibliografia
1. Revista de economia política de las tecnologias de la informacíon y comunicacion-
Vol VII, n.1. Ene.- Abr.2005
2. Geografia da indústria do AudioVisual no Brasil – Marta Abrantes ( 2003)
3. cinema que o país merece- depoimento de Carlos Diegues à subcomissão de cinema
do Senado Federal – 08/06/2000
4. Textos do IPEA- Frederico Barbosa
5. Site Ancine
6. Panorama atual do Mercado de Salas de cinema no Brasil- William George Lopes
Saab e
7. Rodrigo Martins Ribeiro- BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 12, p.175-194, set.
2000

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